7 de mar. de 2016

Porque nem sempre trabalho de graça



Não vamos citar nomes para não ferir suscetibilidades.

Mas, uma pessoa entrou em contato comigo, pois ficou sabendo que eu elaboro Projetos Culturais e os encaminho ao MinC para aprovação, via Lei Rouanet.

Então, ela me falou de sua arte e perguntou-me se seria possível conseguir algum patrocínio com aquele projeto. Respondi que sim e que eu poderia elaborar-lhe um projeto cultural.

Então, ela começou a fazer uma bateria de questionamentos sobre como funcionava a lei, que elementos faziam parte de um projeto e algumas perguntas especificas sobre a apresentação de alguns argumentos ao MinC.

Foi aí que percebi que eu a estava ensinando como elaborar um projeto cultural. Então, procurei estabelecer uma parceria e perguntei-lhe se eu poderia formular-lhe uma proposta de trabalho. Ela concordou e enviou-me um esboço de seu projeto, a partir das orientações que eu havia repassado-lhe.

Li o material que ela enviou-me e encaminhei-lhe uma proposta, com a apresentação do orçamento de meus honorários. Aí veio a surpresa!

Ela reagiu à apresentação de minha proposta com estranheza, pois segundo a opinião dela, ela não deveria pagar pela elaboração de um projeto que vai contra os objetivos de sua arte: a democratização do acesso. E ainda sugeriu que “se eu quisesse, então eu fizesse o projeto e o encaminhasse de graça, para que, se aprovado, eu fizesse a captação dos recursos para viabilizá-lo”, descontando “minha parte”.

Bem, admito que eu é que achei estranho o fato de ela achar estranho eu cobrar por uma prestação de serviços.

E questionei: Por que eu que tenho que viabilizar de graça a democratização do trabalho dela? Afinal, elaborar projetos é a minha atividade, meu ganha-pão, a forma como eu sobrevivo.

E, citando Cacilda Becker, argui: “Não me peça de graça a única coisa que tenho para vender!”.

Então por que eu não deveria cobrar para elaborar projetos culturais, afinal, a cultura tem que ter livre acesso e não se deve pagar para conseguir esta prerrogativa?

Bem, se entendermos desta forma, precisamos discutir que os professores deveriam dar aulas de graça, que políticos não poderiam ser remunerados, que jornais e revistas deveriam ser distribuídos de graça, etc...

Também a forma proposta para a execução de meu trabalho (fazer, captar e descontar “minha parte”) causou-me estranheza.

Digamos que eu estou desempregado e preciso fazer uma cirurgia. Então eu falo para o médico: “Não concordo que eu tenha que pagar pela cirurgia, pois eu acho que a saúde é um direito constitucional. Se você quiser, me opere e depois me arranje um ótimo emprego, então você pode descontar o valor da cirurgia de meu primeiro salário”.

Mas, para não parecer que estou assumido uma postura intransigente, radical e insensível aos apelos da arte, devo dizer que já elaborei e elaboro alguns projetos a título de cortesia, que já diagramei e fiz a arte final de livros de escritores independentes e que não tinham como me pagar. Mas, nem sempre!

Inevitavelmente, mesmo para a difusão da arte libertária e que se proponha a conquistar uma maior abrangência e atinja seu propósito de democratização de acesso, será necessária a captação e o ajuntamento da "hóstia do capitalismo".

Esta mesma arte precisará de parceiros, de parceiros abastados, parceiros burgueses, parceiros que comprem esta arte como um objeto de consumo, para que ela seja distribuída de graça com seu manifesto libertário.

Assim, quando alguém me pede para fazer de graça aquilo que ordinariamente cobro para fazer, eu pergunto:

- Você pede carona à táxi?

5 de mar. de 2016

Música no artigo 18

                           

Basicamente, perante a Lei Rouanet, existem 02 classificações de “objetos da arte” a serem incentivados, via leis de patrocínios: as que se enquadram no artigo 18 e as que se enquadram no artigo 26.

E quais são as artes que se enquadram no artigo 18 e quais se enquadram no artigo 26?

Bem, no artigo 18, enquadram-se os projetos que contemplam os seguintes segmentos culturais:

1. Artes Cênicas;
2. Livros de valor artístico, literário ou humanístico;
3. Música erudita ou instrumental;
4. Circulação de exposições de artes plásticas;
5. Doações de acervos para bibliotecas públicas, museus, arquivos públicos e cinematecas, bem como treinamento de pessoal e aquisição de equipamentos para a manutenção desses acervos;
6. Produção de obras cinematográficas e videofonográficas de curta e média metragem e preservação e difusão desse acervo;
7. Preservação do patrimônio cultural material e imaterial.

E no artigo 26, quais artes se enquadram?

As demais artes dos demais segmentos culturais.

E, para efeitos de projeto, qual é a diferença entre o enquadramento em um artigo e outro?

Para o Projeto em si, a diferença está na captação de recursos financeiros.

Aqui deve ficar claro que o Ministério da Cultura não repassa verba nenhuma para financiamento de projetos culturais. O que o MinC faz, ao aprovar um Projeto Cultural, ele autoriza o Proponente (ou quem ele designar para isso) a fazer parcerias e captar os recursos necessários para viabilizar a execução do projeto (conforme orçamento previsto no projeto aprovado), de certa forma, em nome do MinC.

Ou seja, patrocinador apoia um projeto, repassando um valor para o Proponente (transferência bancária para conta exclusiva do projeto) e, quando for fazer a declaração de Imposto de Renda, irá abater aquele valor do patrocínio, parcial ou integralmente.

Como assim o patrocinador pode não abater 100% do valor que patrocinou? Se for assim, quem irá querer patrocinar?

Bem, aqui chegamos ao ponto de evidenciar a diferença entre o artigo 18 e o artigo 26.

No caso de empresas (Pessoa Jurídica que declare Imposto de Renda pelo Lucro Real) que patrocinem um Projeto enquadrado no artigo 18, terão 100% de abatimento sobre o valor patrocinado. Já quem apoiar projetos do artigo 26, terá apenas 40% abatido do valor patrocinado.

Exemplo básico:
A empresa paga anualmente R$ 200 mil de IR e fez um patrocínio (repassou seu apoio) a um projeto cultural no valor de R$ 10 mil. Quanto ela pagará de IR referente ao exercício daquele ano?

Se o projeto que ela patrocinou estiver enquadrado no artigo 18, ela pagará R$ 190 mil de IR, pois R$ 10 mil ela já antecipou como forma de patrocínio cultural.

Mas, se o projeto que ela patrocinou estiver enquadrado no artigo 26, então ela pagará R$ 196 mil, pois dos R$ 10 mil que ela já antecipou como forma de patrocínio cultural, apenas R$ 4 mil (40% de R$ 10 mil) será considerado abatimento no IR.

Então, logicamente, é bem mais complicado conseguir patrocínio para projetos dos segmentos enquadrados no artigo 26 do que no artigo 18? Sim, logicamente que sim.

Então, no caso de música, se no artigo 18 apenas se enquadram músicas instrumentais e eruditas e como meu estilo e segmento musical é outro, só conseguirei enquadramento no artigo 26? Se for assim, isso praticamente inviabiliza meu projeto, certo?

Bem, digo que não!

Despertei seu interesse e curiosidade?

Se você é músico, tem banda ou segue carreira solo e tem o sonho de gravar seu CD, percorrer a estrada e colocar sua música no mundo, mas não sabe como fazer isso, por favor, entre em contato!






20 de set. de 2014

Uma espécie de Emburrecimento Coletivo

Depois de passar um bom tempo (sei lá, mais de três horas, por exemplo...) fuçando no Facebook (abrindo uma sequência quase que interminável de vídeos, curtindo postagens, compartilhando, comentando - geralmente, criticando, etc...) e, após conseguir desconectar-se, por acaso já ocorreu-lhe o seguinte raciocínio: "- como eu sou um imbecil!"?

Se sim, eu creio que isso pode ser um reflexo de que seu cérebro está tentando reagir. Se ainda não (quero dizer, após passar três horas ou mais conectado, embora com alguma dificuldade de abandonar a rede, você faz isso sem nenhum pensamento autocrítico sobre o tempo desperdiçado), bem, aí eu acho que o processo de emburrecimento coletivo já está atingindo níveis bastante elevados e perigosos.

Considero importante frisar nesse ponto que não estou dizendo que acessar o Facebook (ou qualquer outra mídia social - WhatsApp, Twitter, LinkedIn, etc...) emburrece as pessoas. O que estou tentando dizer é que passar muito tempo conectado a um universo virtual sem objetivo específico, apenas por mera distração, inevitavelmente gera um estado de alheamento social e, o que pode ser mais grave, familiar, além de desenvolver uma patologia que causa danos profundos no comportamento das pessoas, o emburrecimento coletivo.

Como você pode imaginar as coisas, cuja as imagens sempre são passadas para você? É deliberadamente acreditar em mentiras, sabendo que elas são falsas.
Isso é o holocausto publicitário, 24 horas por dia pelo resto de nossas vidas, os poderes constituídos vem nos emburrecendo  até a morte, então para nos defendermos e conseguirmos lutar contra a assimilação desta burrice em nossos processos mentais temos que aprender a ler para estimular a nossa própria imaginação, para cultivar a nossa própria consciência, nossos próprios sistemas de crenças, todos nós precisamos desta competência para nos defender, para preservar as nossas mentes.
Esse é um trecho do filme O Substituto (Detachment, EUA, 2011, Dir. Tony Kayne), onde o Professor (substituto) Henry Barthes (interpretado por Adrien Brody) faz um alerta sobre esse estado de coisas onde a imagem substituiu o texto e o puntual sobrepõe-se ao contexto. É facilmente perceptível a preguiça mental que esse padrão - essa avalanche de informações, como alegorias - vem causando nas pessoas, em especial, nos mais jovens.

Sem dramaticidades ou exageros, mas parece que formou-se uma espécie de aprisionamento da mente, através de uma prática da necessidade viciante de "estar-se conectado". Isso provoca, inevitalmente, a perda de uma percepção periférica, a perda da interação com o mundo real que nos cerca e com o qual coexistimos. Filhos estão distantes, alunos estão distantes, amigos estão distantes e a mente vai perdendo a capacidade de desenvolver um senso crítico, capaz de engendrar as interações mais simples.

Ler - essa é a chave apontada para o Professor Henry B. para abrir as mentes humanas, criar imagens e abrir as portas para um maior discernimento, senso crítico e prático, onde nós mesmos podemos ter o controle e a escolha daquilo que vamos absorver, ao invés de sermos soterrados por informações que cumprem o propósito de um sistema escravizante, alienante e alienador.
  
Adrien Brody, em O Substituto






11 de ago. de 2013

AOS PAIS E ÀS MÃES – QUE TAMBÉM SÃO PAIS






Hoje é um dia para celebrar o papel de ser pai. 

Entendo que ninguém deveria ser pai se isso não fosse uma escolha, uma vontade, um anseio...

Mas também entendo que nem tudo que ocorre na vida configura-se como fruto de um planejamento ou decisão.

Entendo que existem pais que não são pais e entendo também que existem pessoas que são pais, mesmo não sendo pais.

E por entender isso e por saber-me na condição de um pai ausente (geográfica e, por conseguinte, presencialmente) - por conta de trabalhos e responsabilidades assumidos em lugares distantes, com pessoas que geralmente nem sabem que sou pai - decidi enviar nesse Domingo uma cesta de café da manhã para Eliane Roscoche, minha amiga e companheira. A este mimo, seguiu um cartão, que diz:

"Parabéns, Li! 
Feliz Dia dos Pais, para você que tem sido pai e mãe na minha ausência!".

E aqui estendo minha homenagem a todas as mulheres que se desdobram para suprir a ausência da figura paterna, sejam quais forem as circunstâncias e situações em que isso ocorra.

Estendo também meus parabéns aos pais de coração, que assumiram essa missão deixada pelos pais biológicos – que puderam ou optaram por não cumpri-la.

E parabéns aos pais que são verdadeiramente pais e fazem dessa missão o feito mais relevante das suas existências!

Ao meu pai, que partiu há três anos, dirijo uma prece e uma lembrança de carinho, carregada de saudade.

Um abraço a todos!
Carlos Alberto Coelho

16 de abr. de 2013


30 de set. de 2012

Breve ensaio sobre a relação entre a perluxidade quântica e a teoria das exposições transfinitas


Parte-se da premissa que:

A base do racionalismo analítico é construída a partir de um empirismo cimentado na hermenêutica transformativa de elações insofismáveis a cerca de supostos ilogismos e princípios fusionais, onde a lógica mítica afasta o véu da incongruência dos conjuntos enumeráveis que é permeada de números transfinitos. Ora, dentro de uma ótica axiomática, os teoremas abstratos confundem-se propositadamente com os paradoxos dogmáticos, como sempre intentaram os cânones do pós-estruturalismo científico.

Então, lança-se a suspeita se realmente:
  • Existe direta e cognitiva relação entre a topologia sólida e a psicanálise de Lacan?
  • Existe direta e cognitiva relação entre a teoria da relatividade e a sociologia de Deleuze?
  • Existe direta e cognitiva relação entre as pressuposições da semiótica e a sociologia de Latour?

Dirimidas essas questões, investiga-se se a rigor:
  • Existe alguma razão específica para o uso & abuso da profusão verborrágica e ostentação da erudição superficial nas manifestações literárias de alguns escritores?

E tudo me leva a crer que:
  • Estes ou aqueles que, ao empregarem terminologias pseudocientíficas, alheios ao real significados das palavras e sem justificativas conceituais ou fundamentadas, na verdade estão querendo transferir ao leitor a imagem de que são indivíduos dotados de vasta cultura, eminências do conhecimento, do saber e conhecer, capazes de impressionar pela intimidação e postura insuspeita.

Pois, in Dictus:
  • Fala demais por não ter nada a dizer : porque falar não é necessariamente dizer;
  • Se muitas vezes os textos parecem incompreensíveis, deve-se à inescrutável razão que não querem mesmo dizer absolutamente nada : porque se pode ofuscar a visão do leigo com o espetáculo da forma, dificultando-lhe a percepção da essência;

  • A arte vazia faz-se de usar duas palavras onde uma bastaria : porque um conjunto de palavras desconexas encerra o mesmo sentido de nenhuma.

À luz do exposto, concluo que:

Eu que, mesmo que não tenha nada a dizer, sinto-me plenamente apto a expor diversas teorias a respeito do Nada.

24 de set. de 2012

Campo avesso


- confissão

Onde o campo trespassa-me em espírito,
sonho agudo à margem do assomo,
que é um rio turvo e silêncio.
Calado eu fico e observo-te,
assim como a fome deseja o fruto.

As nuvens sabem-se prisioneiras do vento
e nada desejam além da mansidão.
Também sei-me um ente acorrentado,
tua carne abraça toda vontade.

Campo avesso - não sabes, nada percebe.
É que teu cheiro, em dom de alquimia,
denuncia: o delito é perto!

Abrupto o ataque, destruo o silêncio,
a inocência e a carne. Instinto é veneno.

Onde desejo, meu campo é voraz.



Um filho brota


Eis que os filhos são herança do Senhor. 
Salmo 127:3 

: um filho brota no chão de entranhas
germina eclode na terra mulher
um filho brota é fruto semente
germina geme urros de frio e suor
: ventre entranhas estranhos sorrisos
lágrimas riso e um começo de aurora
o pranto o parto o filho parido
cabeça cabelos o jorro que atora
: pescoço tronco ramos e membros
azeite de sangue o fruto coberto
êxtase um grito alívio sorriso
o sonho desejo e o real tão perto
: na véspera vontade concebido na mente
da paz euforia espanto e momento
unem-se mãos em prece pedido:
- Senhor, por favor, protegei meu rebento!


21 de set. de 2012

Morrer não e partir


Morrer não é partir,
é desistir, 

deixar-se levar.

O poeta viu um haicai
onde sabe 

que não existe um,

tal como o homem que deixou-se levar
para um longe, onde a morte não existe.


A morte é um poema de despedida
e a vida, um haicai de Deus.

Os dois cegos

 O cego mirou as constelações
e sorriu - as Três Marias
vibraram a lira de seus ouvidos.

Cães treinados - os ouvidos
farejam sopros de luz
nos cânticos anoitecidos.

O cego absorve a aura da poesia
pela pele, pelas narinas e ouvidos,

mas é cego aquele que enxerga
e nada vê e nada percebe.


20 de set. de 2012

O eleito


O Demônio não soube o que fez quando criou o homem político; enganou-se, por isso, a si próprio.
William Shakespearerich

Sim, você me conhece.

Pratico furtos
simples e qualificados,
extorções, contrabandos e chantagens,
tráficos e falcatruas.

Desvio verbas públicas.
Intimido, persigo,
ofereço e recebo suborno.

Organizo cartéis,
marco e dou as cartas.

Prevarico, negligencio,
obtenho vantagens
e informações privilegiadas.

Negocio coisas e gente,
vendo corpos.
Prostituo, sodomizo, sevicio,
assedio, abuso,
manipulo e chantagio.

Aniquilo almas,
dilacero sonhos
e destruo vidas.

Sim, sou demônio!
Você me escolheu,
Você me elegeu.

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O eleito de {no poem} é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.

Guerrilha burlesca

É muito triste perceber que vocês tornaram-se eles.

A guerrilha camuflou-se
com aspectos de paisagem
e conhece os atalhos da rota.
Mas, hoje em dia,
ela espalha-se pelos palácios.

A guerrilha organizou-se,
conspirou a revolta
e conhece as faces da miséria.
Mas, hoje em dia,
ela oferta pão e circo.

A guerrilha mutilou-se,
preparou-se para a tortura
e conhece o valor do silêncio.
Mas, hoje em dia,
ela brada discursos vazios.


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Guerrilha Burlesca de {no poem} é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.

19 de set. de 2012

Amaro repasto


Saboreio
farta amarga refeição.

Antepasto de ruibarbo,
panquecas de genciana,
souflê de cardo santo,
moqueca de centáurea,
pastelão de raiz de angélica,
calzone de hortelã,
empada de goma de mirra,
salada de cebola, rúcula & almeirão,
sorvete de chicória,
pudim de escarola,
chá de boldo, losna & manjerona.

Pois, de doce
já basta a vida.

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Amaro Repasto de {no poem} é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.

É preciso saber o mar



- merguhar no rebatismo
Contemplo o voo
que vem de dentro das gaivotas

e é doce contemplar o mar
o gosto da brisa flutua,
entorpece, embriaga,
reestabelece a sobriedade.

Raso, arrisco um mergulho:

- é preciso lavar o corpo por dentro;
- é preciso renovar o batismo;
- é preciso saber o mar,
por dentro e para fora dos sentidos.

Descartes, o pensamento & a pedra de existir

Penso, logo existo.
René Descartes


1.
Penso:
- sou pedra,
logo,
- triste e demente,
existo.

2.
Vejo a pedra,
oca de abstrações,
ela não pensa,
mas eu sei que ela existe.

3.
Quem pensa que é pedra,
existe,
e pedra, que não pensa,
também.
 

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