20 de set. de 2014

Uma espécie de Emburrecimento Coletivo

Depois de passar um bom tempo (sei lá, mais de três horas, por exemplo...) fuçando no Facebook (abrindo uma sequência quase que interminável de vídeos, curtindo postagens, compartilhando, comentando - geralmente, criticando, etc...) e, após conseguir desconectar-se, por acaso já ocorreu-lhe o seguinte raciocínio: "- como eu sou um imbecil!"?

Se sim, eu creio que isso pode ser um reflexo de que seu cérebro está tentando reagir. Se ainda não (quero dizer, após passar três horas ou mais conectado, embora com alguma dificuldade de abandonar a rede, você faz isso sem nenhum pensamento autocrítico sobre o tempo desperdiçado), bem, aí eu acho que o processo de emburrecimento coletivo já está atingindo níveis bastante elevados e perigosos.

Considero importante frisar nesse ponto que não estou dizendo que acessar o Facebook (ou qualquer outra mídia social - WhatsApp, Twitter, LinkedIn, etc...) emburrece as pessoas. O que estou tentando dizer é que passar muito tempo conectado a um universo virtual sem objetivo específico, apenas por mera distração, inevitavelmente gera um estado de alheamento social e, o que pode ser mais grave, familiar, além de desenvolver uma patologia que causa danos profundos no comportamento das pessoas, o emburrecimento coletivo.

Como você pode imaginar as coisas, cuja as imagens sempre são passadas para você? É deliberadamente acreditar em mentiras, sabendo que elas são falsas.
Isso é o holocausto publicitário, 24 horas por dia pelo resto de nossas vidas, os poderes constituídos vem nos emburrecendo  até a morte, então para nos defendermos e conseguirmos lutar contra a assimilação desta burrice em nossos processos mentais temos que aprender a ler para estimular a nossa própria imaginação, para cultivar a nossa própria consciência, nossos próprios sistemas de crenças, todos nós precisamos desta competência para nos defender, para preservar as nossas mentes.
Esse é um trecho do filme O Substituto (Detachment, EUA, 2011, Dir. Tony Kayne), onde o Professor (substituto) Henry Barthes (interpretado por Adrien Brody) faz um alerta sobre esse estado de coisas onde a imagem substituiu o texto e o puntual sobrepõe-se ao contexto. É facilmente perceptível a preguiça mental que esse padrão - essa avalanche de informações, como alegorias - vem causando nas pessoas, em especial, nos mais jovens.

Sem dramaticidades ou exageros, mas parece que formou-se uma espécie de aprisionamento da mente, através de uma prática da necessidade viciante de "estar-se conectado". Isso provoca, inevitalmente, a perda de uma percepção periférica, a perda da interação com o mundo real que nos cerca e com o qual coexistimos. Filhos estão distantes, alunos estão distantes, amigos estão distantes e a mente vai perdendo a capacidade de desenvolver um senso crítico, capaz de engendrar as interações mais simples.

Ler - essa é a chave apontada para o Professor Henry B. para abrir as mentes humanas, criar imagens e abrir as portas para um maior discernimento, senso crítico e prático, onde nós mesmos podemos ter o controle e a escolha daquilo que vamos absorver, ao invés de sermos soterrados por informações que cumprem o propósito de um sistema escravizante, alienante e alienador.
  
Adrien Brody, em O Substituto






Um comentário:

  1. Ohhhh....muito bom seu texto e também verdadeiro. Vivemos em tempos realmente estranhos, mas acredito que a leitura e educação é sem dúvida a melhor saída para resolvermos os problemas desta sociedade pobre e sem futuro.

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